quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A Bruxa Walpurga é julgada e condenanda por seus encontros libertinos com o Demônio

Fuggerzeitung - 1557

Walpurga Hausmannin, uma mulher diabólica e miserável, agora aprisionada e acorrentada, confrssou sob interrogatório formal - e mesmo sob tortura - suas bruxarias, e admitiu o que vem relatado a seguir: quando há cerca de 30 anos, ela se tornou feiticiera, trabalhava na plantação de milho de Hans Schlumperger, desta cidade (Dillingen), junto com um empregado de nome Bis in Pfarrhof.

Enfeitiçouo rapaz com seus discursos obscenos e o par combinou de se encontrar, numa determinada noite, na sua casa, a fim de satisfazerem seus agressivos impulsos sexuais. Mas quando Walpurga sentou no seu quarto nesta noite, esperando pelo rapaz, com pensamentos diabólicos e sensuais, não foi quem ela esperava que veio, mas sim o Demônio, disfarçado como este, até mesmo com suas roupas, e começou a fornicar com ela.

Então, ele lhe deu um pouco de dinheiro, parecia uma antiga moeda mas ninguém queria receber esse dinheiro dela, já que era uma moeda má e com aparência de chumbo. Por isso ela jogou a moeda fora. Depois do ato de fornicação, ela viu e sentiu o pé de seu amante e observou que a sua mão não era natural, mas parecia feita de madeira. Assustada, ela invocou o nome de Jesus e o Demônio deixou-a e desapareceu.

Na noite seguinte, o Espírito do Mal visitou-a de novo,com a mesma aparência, e fornicou com ela. Ele fez muitas promessas de ajudá-la em sua pobreza e na sua necessidade. Para que isso ocorresse ela teria que prometer seu corpo e sua alma para ele. A seguir, o Espírito do Mal arranhou seu ombro esquerdo, exigindo que ela vendesse sua alma com o sangue que saía da ferida.

Ele lhe deu uma pena de ave para que ela escrevesse e, como ela não sabia escrever, ele lhe guiou a mão. O papel ficou com o Diabo. Quando seus pensamentos se tornavam piedosos, ou ela sentia vontade de ir à Igreja, o Diabo lhe recordava seu juramento.

Mais adiante, Walpurga confessou que ela seguidamente trazia um forcado na mão, quando saía à noite com seu amante, e que num dos locais onde eles tinham seus encontros, ela viu um homem alto, de barba cinza, sentado numa cadeira como um grande Príncipe, ricamente vestido. Esse era o Grande Diabo, a quem ela mais uma vez dedicou sua vida, corpo e alma.

Uma vez, quando ela cuidadosamente pronunciou o nome de Jesus, o Grande Diabo bateu em seu rosto e (assombroso contar!) forçou-a a renunciar a Deus, ao Cristianismo, aos Santos e aos Sagrados Sacramentos. Depois, o Grande Diabo batizou-a novamente, dando-lhe o nome de Hofelin, e de Federllin para seu diabólico amante.

Nessas cerimônias demoníacas, ela comia, bebia e dormia com seu amante. E porque ela não queria ser vista em tal companhia em todos os lugares, ele lhe batia cruelmente. Para comer, ela seguidamente tinha um bom assado, uma criança inocente, também bem assada, ou um leitãozinho, com vinho branco ou tinto, mas sem sal. Seu amante, Federllin, visitava-a em diferentes lugares, a fim de fornicar com ela, mesmo na rua à noite, e durante o tempo que esteve presa. Ela confessou ainda que seu amante lhe deu uma poção numa caixinha, para que ela fizesse o mal a pessoas, animais e até mesmo às preciosas frutas do campo.

Ferdellin forçou-a a matar os bebês quando nasciam, mesmo antes de serem levados ao santo batismo. Isso ela fazia sempre que tinha oportunidade. Suas vítimas:

- Primeira e segunda: Há cerca de dez anos, ela friccionou sua poção em Anna Hämanin,que não morava longe de Dürstigel, por ocasião de seu primeiro aniversário. Causou-lhe tanta desgraça que mãe e filha ficaram juntas e morreram.

- Terceira: Dorothea, enteada de Christian Watcher, deu à luz a seu primeiro filho, dez anos atrás. Na hora do nascimento, ela fez pressão no cérebro do bebê e ele morreu. (O Diabo lhe havia ordenado destruir especialmente os recém-nascidos. Outras 40 vítimas são citadas na confissão).

Ela friccionou tambémcom sua poção e causou a morte das três vacas de Lienhardt Goilen, do cavalo do Bruchbauer, das vacas de Max Petzel, há dois anos, e também das vacas de Duri Striegel, há três anos. Em suma, ela confessou ter destruído um grande número de cabeças de gado, além das já ditas. Ha um ano, ela achou um pedaço de linho branco no pátio comum, embegeou-o com sua poção e os porcos e gansos que passavam por cima dele morriam logo depois.

Walpurga confessou que todos os anos, no dia de São Leonardo, ela exumava o cadáver de pele menos uma ou duas crianças. Com seu amante endemoniado, ela os comia, e usava seus cabelos e os pequenos ossos para bruxarias. Todas as crianças que ela matou logo ao nascer não puderam ser exumadas, por não terem sido batizadas. Os ossos dessas crianças pequenas ela usava como enfeite. Walpurga admite que se Deus não a tivesse misericordiosamente advertido, ela teria causado ainda mais e maiores males.

Depois de ouvirem a confissão, os juízes e o jurí da Corte desta cidade de Dillingen, por virtude e direitos de Prerrogativa Imperial de Sua Reverência, Senhor Marquad, Bispo de Augusburg, Dignatário da Catedral, nosso mais Augusto Príncipe e Senhor, finalmente deram o veredito unânime que condenou Walpurga com base na lei comum e no código do Imperador Carlos V doImpério Romano,acusada de endemoniada e notória feiticeira, e que deve ser punida e privada da vida atrvés da morte na fogueira. Todos os seus bens, propriedades e fortuna estão condenados e passam ao Tesouro de Nosso Maior Príncipe e Senhor.

Segundo a sentença, deve serdeixada sentada numa carroça, na qual estará atada. Seu corpo será queimado cinco vezes, com ferro quente. A primeira vez na Praça da Cidade, no seio esquerdo e no braço direito. A segunda vez, na ponte mais baixa, no seio direito; terceira vez, no moinho do riacho, fora da ponte do hospital, no braço esquerdo. A quarta vez, local da execução, na mão esquerda.

Considerando que a condenada era uma parteira licenciada e garantida pela cidade de Dillingen durante 19 anos, e agiu tão vilmente, sua mão direita,com a qual realizou tantos truques desonestos, deve ser cortada no local da execução. Depois de queimada, suas cinzasnão devem ir para a terra, mas devem ser levadas até o riacho mais próximo e ali jogadas.

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